Vacina contra leishmaniose: entenda a suspensão da venda e fabricação do imunizante canino

Imunizante é o único em comercialização no Brasil contra a leishmaniose visceral canina. Em 2022, Belo Horizonte, registrou 4.077 casos da doença em cachorros.


A fabricação e a venda da Leish-Tec, única vacina contra a leishmaniose visceral canina em comercialização no Brasil, foi suspensa pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O motivo foram "desvios" de conformidade detectados em lotes do produto.


Entenda o caso:


Por que a venda e a vacinação da vacina foram suspensas?

Inicialmente, a Ceva Saúde Animal, fabricante da Leish-Tec, anunciou a suspensão da venda da vacina após serem "identificados desvios" em seis lotes: 029/22, 037/22, 043/22, 044/22, 060/22, 004/23.


Depois, o Mapa informou a suspensão da fabricação e da venda do imunizante, além do recolhimento de oito lotes: 029/22, 037/22, 043/22, 044/22, 060/22, 004/23, 006/23 e 017/23. Eles foram reprovados "por apresentarem teor de proteína A2 inferior ao limite mínimo estabelecido na licença do produto".


Segundo a pasta, uma fiscalização realizada entre 8 e 11 de maio constatou "desvio de conformidade do produto, que pode ocasionar falta de eficácia da vacina, gerando risco à saúde animal e saúde humana".


Que vacina é essa?

A Leish-Tec foi desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e está disponível no mercado desde 2008.


Segundo a fabricante, em estudo, o imunizante apresentou 96,41% de proteção contra a leishmaniose visceral canina no grupo vacinado e 71,3% de eficácia.


A vacina é a única contra a doença registrada pelo Mapa e em comercialização no Brasil. Ela é indicada somente a animais assintomáticos com resultados não reagentes para leishmanioses visceral.


O imunizante é disponibilizado pelo SUS?

Não. A vacina Leish-Tec não é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como medida de controle contra a leishmaniose.


O imunizante é disponibilizado apenas em clínicas veterinárias privadas. O esquema de vacinação prevê três doses, com intervalo de 21 dias entre elas, a partir dos 4 meses do cão, além de imunização anual.


Cada dose custa, em média, R$ 150.


O que é a leishmaniose visceral?

A leishmaniose visceral é uma doença parasitária transmitida por meio da picada de insetos flebotomíneos. A presença do vetor permite a transmissão de um cão infectado para outro cão ou para o ser humano.


Em cães, a doença pode causar perda de pelo, emagrecimento, aumento de gânglios, aumento de baço e fígado, aumento das unhas, dentre outros sintomas.


Em humanos, a leishmaniose visceral pode provocar febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular e anemia.


Além da vacinação, as medidas de prevenção incluem o uso de repelentes, principalmente nos horários de atividades do vetor (amanhecer e anoitecer), e a limpeza dos quintais, sobretudo os que possuem plantas, para evitar o acúmulo de matéria orgânica.


Quais os números de leishmaniose no Brasil?

De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, em 2021, foram registrados 1.683 casos de leishmaniose visceral humana no Brasil. Em Minas Gerais, foram 167 casos no mesmo ano.


Em Belo Horizonte, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, foram 33 casos de leishmaniose visceral humana em 2021 e 3.539 de leishmaniose visceral canina.


Em 2022, foram 4.077 casos em cachorros e 22 em humanos, conforme dados preliminares.


Por Rafaela Mansur, Fonte G1 Minas

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